Eu que acreditei piedosamente em ti quando disseste a plenos pulmões: "'Tá cá a Amália, 'tá cá o Benjamim e o Milionário... Olha quatro dvd's a 5€!"
Fiquei orgulhosa quando explicaste a uma cliente do que se tratava o Blindness: "Oh 'nha senhóra, esse é muita bom, é d'um livro q'o Zé Saramago escreveu."
Comovi-me ao ver que és sincero com as pessoas: "Por ser para o amigo faço quatro dvd's a 5€... Vá, vá levem-nos todos que a bófia vem aí estragar o negócio."
Atribuí-te mérito por te esforçares a criar técnicas de venda e de fidelização de clientes:
"- Olhe venho cá com este dvd porque está vazio.
O 'migo Lello abre a caixa - Não, tá nada oh chefe, o cd 'tá aqui dentro da caixa.
- Não é isso, o filme, não dá, o cd não tem nada.
- Ah tava estragado? Meta aí no monte que alguém leva. Agente troca, agente gosta de ver os fregueses felizes pra virem cá ótra vez."
Fiquei emocionada com a tua bondade e solidariedade: "Aproveitem e vejem aqui estas calças de ganga e ali na tenda da 'nha prima os parfumes João Paulo Gautiér, Hugo Bossas e Carolina Herreira. As malas Luís Vitão e Chanélo."
Eu que te tinha em tão boa conta e aos teus primos Gipsy Kings, e tu fazes-me uma coisa destas?!
Como foste capaz de me vender o Benjamin Button com umas legendas tão rascas que numa escala de 0-10 eu tinha de classificar com - 3. O Benjamin falava sempre no feminino - "Eu estou tão cansada". Ainda ponderei que o David Fincher lhe tivesse dado um toque abichanado para aumentar o drama, mas não, depois percebi que não... Desiludiste-me.
Adeus, até à próxima feira.